Um estudo recente destacou a importância da resiliência mental para uma velhice mais saudável e com maior longevidade. Publicada na revista científica BMJ, a pesquisa revelou que a capacidade de adaptação a adversidades está associada a um menor risco de morte prematura entre idosos, sugerindo que promover a resiliência mental pode ser uma estratégia eficiente para melhorar a qualidade de vida na terceira idade.
Conduzida por pesquisadores da Universidade Sun Yat-Sen, na China, a análise utilizou dados do Estudo de Saúde e Aposentadoria dos Estados Unidos, que acompanha informações sobre a saúde e o bem-estar de adultos com mais de 50 anos desde 1992. O estudo recente se concentrou em dados coletados entre 2006 e 2008, envolvendo 10.569 participantes com idade média de 66 anos. A resiliência mental foi avaliada com base em uma escala validada que mediu fatores como perseverança, senso de propósito, calma e autoconfiança.
Os resultados mostraram uma correlação clara entre a resiliência mental e a mortalidade ao longo de um período de 12 anos. Durante esse tempo, 3.489 dos participantes faleceram, mas aqueles com maior pontuação em resiliência tiveram uma redução de até 53% no risco de morte, especialmente entre as mulheres. Após ajustes para variáveis como estado civil, sexo, raça e índice de massa corporal, essa relação permaneceu significativa, embora tenha diminuído quando condições de saúde preexistentes, como diabetes e doenças cardiovasculares, foram consideradas.
Os pesquisadores destacaram que a resiliência mental é influenciada por uma série de fatores, incluindo emoções positivas, autoavaliação de saúde e o nível de satisfação com o apoio social. Eles sugerem que intervenções que incentivem esses sentimentos podem amplificar os efeitos protetores da resiliência, ajudando a mitigar o impacto de adversidades na saúde mental de adultos mais velhos.
Diferenças entre homens e mulheres
A pesquisa também revelou diferenças de gênero na manifestação de resiliência e em suas consequências para a saúde. Estudos indicam que homens e mulheres enfrentam e expressam emoções e estressores de maneiras distintas, o que pode influenciar o desenvolvimento de programas de suporte psicológico. As mulheres, por exemplo, tendem a relatar com maior frequência sintomas de ansiedade e depressão, enquanto os homens podem exteriorizar o estresse de formas diferentes, o que requer abordagens específicas para cada grupo.
Além disso, os cientistas ressaltaram a importância de compreender como fatores biológicos e cognitivos afetam a resiliência mental, especialmente com o avanço da idade. Intervenções direcionadas, que levem em conta essas variáveis, podem ser mais eficazes ao tratar as necessidades individuais de cada paciente. O estudo também aponta para o desafio de estimular a resiliência em pessoas mais velhas, devido à resistência a mudanças e à diminuição da plasticidade neural, além de comorbidades relacionadas à saúde mental e física.
Embora os resultados sejam promissores, os autores do estudo lembram que, por se tratar de uma pesquisa de observação, não é possível estabelecer uma relação de causa e efeito com certeza. Eles ainda destacam algumas limitações, como a falta de dados sobre mudanças na resiliência mental ao longo do tempo e a ausência de informações sobre fatores genéticos e hormonais, além de adversidades enfrentadas durante a infância.