O governo federal decidiu realizar um corte de gastos da Previdência Social para o ano de 2024.
O conselho Regional da Previdência Social (CNPS) aprovou uma série de medidas que reduzem os investimentos e poderão ter um impacto significativo na vida dos beneficiários.
Uma matéria da Folha de São Paulo revelou que a equipe econômica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva diminui os repasses de despesas obrigatórias afim de evitar gastos discricionários.
Os gastos discricionários nada mais são do que gastos relacionados a investimentos, ou seja, aquilo que não é pagamento fixo, inclusive, a revisão de salários de servidores está inclusa nesse corte. Essa medida vai de contra mão com a crescente demanda de pedidos e requerimentos em busca de um benefício previdenciário.
A fila do INSS é uma das maiores já vistas e o tempo de espera pode ultrapassar 5 meses. Cortes em investimentos são vistos com desapontamento para especialistas, que acreditam nos fortes impactos da medida na vida dos trabalhadores e contribuintes.
A estratégia parece por em dúvida as reais prioridades do governo federal em relação à Previdência Social. Recentemente, o CNPS já havia aprovado um corte de mais de R$12 bilhões no planejamento previdenciário do próximo ano.
12 bilhões de reais a menos no orçamento
De acordo com informações levantadas através do Diário Oficial da União, o orçamento para o próximo ano seria de R$895,7 bilhões o que representa uma aumento de 7,24% em relação a esse ano.
Após esse levantamento, uma nova nota técnica do INSS apontou a necessidade de R$897,7 bilhões para garantir o pagamento de todos os benefícios. São R$2 bilhões a mais que contrastam com o ainda recente corte de R$12,5 bilhões dos gastos discricionários.
Desde que assumiu a presidência, Lula tem enfrentado desafios quando o assunto é Previdência Social. Diante dessa nova realidade de cortes, alguns pontos cruciais podem despertar questionamentos e preocupações.
O primeiro diz respeito a ao reajuste obrigatório de benefícios que será feito no próximo ano. A previsão do ajuste do salário mínimo é de R$1.421 para 2024. A grande questão é como essas despesas serão pagas sem impactar no orçamento e nos valores depositados aos beneficiários.
Outra preocupação é aquela de sempre: o fantasma da fila que insiste em assombrar e cercar cada vez mais o governo atual. Como ficará a situação das pessoas que ainda aguardam uma concessão?
Medida de Enfretamento da Fila do INSS
Em julho desse ano foi publicada uma medida provisória que cria o Programa de Enfretamento à Fila do INSS. De acordo com o documento, servidores do INSS voltarão a ganhar bônus de produtividade para reduzirem o tempo de espera por um benefício.
No caso, o bônus será pago para aqueles funcionários que trabalharem além da sua carga horária na busca pela regularização do prazo de perícias e análises que estão atrasadas. Servidores administrativos receberão o valor de R$ 68 reais por tarefa concluída, ao passo que médicos receberão R$ 75.
Vale lembrar que os servidores terão a escolha de se habilitar ao programa, e a partir daí haverá definição de metas, objetivos e como ocorrerá a fiscalização do trabalho.
Espera-se que a medida reduza a espera de os 1,8 milhão de segurados que ainda aguardam atendimento, sendo que desses, quase 600 mil ainda aguardam a perícia médica, de acordo com o Portal da Transparência Previdenciária, lançada pelo Ministério da Previdência.
A pergunta que fica é: com a redução do orçamento e o bloqueio de investimentos, será que haverá recursos para promover o aumento e bônus ao servidores? Ao que parece, até mesmo o ajuste salaria será afetado.
Ao longo do tempo, as saídas parecem cada vez mais escassas e a pressão cada vez maior. Nos resta esperar para ver se não ocorrerá uma implosão na Previdência Social.