O número de casamentos entre pessoas com mais de 60 anos vem crescendo no Brasil, refletindo mudanças culturais e sociais, além de avanços na saúde. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 74.798 matrimônios foram registrados em 2022 entre pessoas acima dessa faixa etária. Em comparação com 2018, quando foram contabilizadas 60.580 uniões, o aumento foi de 23,5%.
Esse fenômeno, chamado de “casamentos grisalhos”, é impulsionado pelo aumento da expectativa de vida no país. Em 1990, a média de vida era de 65,3 anos; em 2023, chegou a 76,4 anos, e a projeção é de que alcance 83,9 anos em 2070. O envelhecimento da população, aliado a uma vivência mais saudável e ativa, possibilita que indivíduos acima dos 60 anos revisitem antigos sonhos e busquem novas experiências, incluindo o casamento.
Apesar do aumento geral, os dados mostram uma diferença de gênero nos casamentos na terceira idade. Homens com mais de 60 anos se casam mais do que mulheres na mesma faixa etária. Em 2022, 5,37% dos casamentos envolveram homens sexagenários, enquanto entre as mulheres o percentual foi de 2,55%.
Novo modo de vivenciar a velhice
Além das questões demográficas, fatores culturais também explicam o crescimento. Segundo especialistas, a forma como a sociedade encara a velhice está mudando. A união na terceira idade, antes vista como algo incomum, tornou-se mais aceita. O casamento passou a ser encarado como uma continuidade da vida afetiva e social, e não como um encerramento de ciclos. A ressignificação do envelhecimento como uma etapa de novas possibilidades, incluindo a afetiva, também contribui para esse cenário. Para muitos, o casamento nessa fase se torna um aliado na conservação da saúde mental, oferecendo suporte emocional e combatendo riscos de depressão e ansiedade. Além disso, o apoio mútuo proporcionado pela união pode favorecer hábitos mais saudáveis e uma rotina mais equilibrada.
