A promessa era de acabar com a fila do INSS, mas o que aconteceu foi o contrário: o número de pedidos parados mais que dobrou. Entenda o motivo e o que esperar daqui pra frente.
A fila do INSS que não anda
Quando o presidente Lula assumiu o governo, prometeu “zerar a fila do INSS” — um problema antigo para quem espera aposentadoria, pensão ou auxílio.
Mas, quase três anos depois, a realidade é outra: a fila cresceu 114%.
Em 2023, havia 1,23 milhão de pedidos em análise. Agora, são 2,63 milhões de pessoas aguardando resposta.
Isso significa mais gente esperando meses (ou até anos) para receber o que é seu por direito.
Programa que ajudava foi suspenso por falta de verba
O governo tinha criado o Programa de Gestão de Benefícios (PGB), que pagava um bônus aos servidores do INSS por cada processo concluído — uma espécie de mutirão pago.
Deu resultado por um tempo, mas o dinheiro acabou.
O orçamento, que era de R$ 200 milhões até 2026, se esgotou antes do previsto, e o programa foi suspenso em outubro.
Sem esse incentivo, especialistas alertam que as concessões vão demorar ainda mais.
A perícia médica é o principal gargalo
Grande parte dos atrasos está nos benefícios que exigem perícia presencial, como auxílio-doença e auxílio-acidente.
Para tentar resolver isso, o governo criou o Atestmed, que permite enviar o atestado médico pelo aplicativo e receber o benefício sem ir até o perito.
O sistema ajudou: a fila chegou a cair 37% entre setembro de 2023 e abril de 2024.
Mas, recentemente, o prazo foi limitado a 30 dias, o que deve aumentar novamente o número de perícias presenciais.
A demora gera prejuízo para todos
O prazo legal para o INSS conceder um benefício é de 45 dias, mas em muitos estados esse tempo chega a 68 dias. Em outros casos é uma eternidade
Enquanto o processo não é concluído, o governo acumula pagamentos retroativos com juros — e o aposentado fica sem renda.
Além disso, o atraso faz crescer a judicialização: o INSS é hoje o maior litigante do país, com 4 milhões de ações na Justiça.
Cada processo judicial custa até seis vezes mais do que resolver o caso administrativamente.
Solução passa por tecnologia e mais servidores
Os especialistas concordam que o problema não se resolve com medidas emergenciais.
É preciso investir em pessoal, tecnologia e integração dos sistemas do INSS.
Metade dos servidores se aposentou nos últimos anos e não houve reposição.
A automação é importante, mas ainda falta mão de obra e melhor comunicação entre os sistemas.
E o que esperar daqui pra frente?
O INSS tenta recompor o orçamento para retomar o programa de bônus e garantir os serviços básicos.
Mas, enquanto isso não acontece, quem precisa se aposentar deve ter paciência e orientação profissional para evitar erros e atrasos no pedido.
Planejar com antecedência, organizar documentos e buscar ajuda de um especialista é o melhor caminho para não depender de improvisos do sistema.
Por Hilário Bocchi Junior, especialista em aposentadoria e advogado no BOCCHI Advogados Associados
















