Recentemente, um estudo publicado pela revista Psychological Science trouxe à tona uma preocupante constatação: a solidão pode ser tão prejudicial quanto a fome. O levantamento revela que passar oito horas sem companhia pode afetar a saúde tanto quanto ficar oito horas sem comer, esgotando a energia e aumentando a fadiga.
O estudo contou com a participação de 30 voluntários que passaram por dois experimentos: um dia sem qualquer interação social e outro dia sem ingerir alimentos. Após cada período, os participantes preencheram questionários detalhando seus níveis de estresse, humor e fadiga. Além disso, os cientistas monitoraram a frequência cardíaca e os níveis de cortisol, hormônio relacionado ao estresse.
Os resultados mostraram que tanto a privação social quanto a falta de comida levaram a uma diminuição significativa na energia dos participantes, além de um aumento na sensação de cansaço. “Ambos os estados induziram diminuição da energia e aumento da fadiga, o que é surpreendente, visto que a privação de alimentos literalmente nos faz perder energia, enquanto o isolamento social não”, afirma a pesquisa, conduzida por profissionais das Universidades de Viena e de Cambridge.
Impactos na Terceira Idade
A questão da solidão é especialmente relevante para a população idosa, que muitas vezes enfrenta o isolamento social devido a uma série de fatores, como a perda de familiares, a aposentadoria e problemas de mobilidade. A falta de interação social pode desencadear uma série de reações biológicas adversas, comprometendo a saúde e o bem-estar desta parcela da população.
O estudo corrobora achados anteriores sobre os perigos da solidão. Uma pesquisa publicada na revista Aging, por exemplo, revelou que o isolamento pode acelerar o processo de envelhecimento mais do que o hábito de fumar. A pesquisa analisou dados de 4.846 adultos em 2015, incluindo 16 biomarcadores sanguíneos, como níveis de colesterol e glicose, além de informações sobre pressão arterial e Índice de Massa Corporal (IMC). Os pesquisadores descobriram que sentimentos de depressão, solidão e infelicidade estão fortemente associados a um envelhecimento biológico avançado.
Envelhecimento e solidão
O envelhecimento biológico acelerado decorrente da solidão é um alerta importante para a sociedade. Idosos que experimentam solidão prolongada podem enfrentar um risco aumentado de doenças cardiovasculares, comprometimento do sistema imunológico e até declínio cognitivo.
Confira algumas ações que podem ajudar os idosos no enfrentamento da solidão:
- Grupos comunitários: Envolvimento em clubes, centros comunitários e atividades de lazer que promovam a socialização.
- Tecnologias de comunicação: Utilização de videochamadas, redes sociais e aplicativos de mensagens para manter contato regular com familiares e amigos.
- Voluntariado: Atividades voluntárias que ofereçam interação social e um senso de propósito.
- Atividades físicas em grupo: Participação em aulas de ginástica, dança ou caminhadas em grupo para combinar exercício físico com socialização.
- Cursos e Workshops: Aprendizado de atividades de interesse pessoal, como artesanato, culinária ou línguas estrangeiras, que ofereçam um ambiente social e de aprendizado.
- Animais de estimação: Se possível, adotar um animal de estimação pode oferecer companhia e reduzir a sensação de isolamento.
- Hobbies e interesses: Cultive hábitos que possam ser compartilhados com outras pessoas, como jardinagem, leitura em clubes de livros ou atividades artísticas.