Um novo estudo publicado na revista Psychology and Aging, da Associação Americana de Psicologia, traz dados reveladores sobre a percepção da velhice entre homens e mulheres. A pesquisa, conduzida por uma equipe da Universidade Humboldt de Berlim, aponta que as mulheres consideram que a velhice começa dois anos mais tarde do que os homens. E essa percepção tem se intensificado ao longo do tempo.
O estudo, que envolveu dados de 14.056 participantes do Inquérito Alemão sobre o Envelhecimento, realizado ao longo de 25 anos, mostrou que a percepção do início da velhice tem mudado consideravelmente. Os dados foram coletados entre 1996 e 2021 e incluíram pessoas nascidas entre 1911 e 1974, residentes na Alemanha. Os participantes, que tinham entre 40 e 100 anos, responderam à pergunta principal: “Com que idade você descreveria alguém como velho?”, em diferentes momentos de suas vidas.
Um dos achados mais interessantes da pesquisa é a diferença na percepção da velhice entre homens e mulheres. As mulheres tendem a definir a velhice dois anos mais tarde que os homens, possivelmente como uma forma de se distanciarem das conotações negativas associadas ao envelhecimento. As mulheres, que geralmente vivem mais tempo, enfrentam mais estigmas à medida que envelhecem, o que pode influenciar essa percepção.
Evolução da percepção ao longo do tempo
Os dados do estudo mostraram uma mudança significativa na percepção do início da velhice ao longo das décadas. Por exemplo, participantes nascidos em 1911 definiam a velhice aos 71 anos quando tinham 65. Já os nascidos em 1956, ao chegarem à mesma idade, consideravam que a velhice começava aos 74 anos.
A pesquisa também revelou que a percepção do início da velhice aumenta à medida que os indivíduos envelhecem. Participantes de 64 anos, em média, indicavam que a velhice começava aos 74,7 anos. Quando esses mesmos participantes chegaram aos 74 anos, a percepção mudou para 76,8 anos. Em média, a percepção do início da velhice aumentou aproximadamente um ano para cada quatro ou cinco anos de envelhecimento real.
Outro fator importante identificado pela pesquisa é a influência da saúde e da solidão na percepção da velhice. Pessoas que se sentiam mais solitárias e tinham pior saúde tendiam a se sentir mais velhas e afirmavam que a velhice começava mais cedo. Em contrapartida, aqueles que tinham melhor saúde e se sentiam menos solitários percebiam a velhice começando mais tarde.
Expectativa de vida e melhora na saúde
A equipe de pesquisadores, que incluiu ainda profissionais das universidades de Luxemburgo, Stanford (Estados Unidos) e Greifswald (Alemanha), identificou que a expectativa de vida aumentada e as melhorias na saúde ao longo do tempo são fatores cruciais para essa mudança na percepção da velhice. “A expectativa de vida aumentou, o que pode contribuir para uma percepção mais tardia do início da velhice. Além disso, alguns aspectos da saúde melhoraram ao longo do tempo, de modo que pessoas de uma determinada idade que eram consideradas velhas no passado podem não ser mais hoje”, aponta trecho do estudo.
Implicações para o Futuro
Os resultados do estudo têm implicações importantes sobre quando e como as pessoas se preparam para o envelhecimento e sobre a forma como a sociedade encara os idosos. À medida que a percepção da velhice continua a evoluir, será fundamental considerar esses fatores ao planejar políticas públicas e programas de apoio à população idosa.
Em conclusão, o estudo mostra que a percepção da velhice está mudando, influenciada por fatores como gênero, saúde, solidão e melhorias nas condições de vida. Esse estudo oferece uma nova perspectiva sobre como a sociedade pode se adaptar a essas mudanças, promovendo um envelhecimento mais saudável e positivo para todos.