O mundo do trabalho está em constante evolução, mas há um desafio persistente que afeta muitos profissionais: o etarismo econômico. Esse termo refere-se ao preconceito com base na idade, que muitas vezes priva pessoas com 50 anos ou mais de oportunidades profissionais e até mesmo dificulta situações cotidianas, como alugar um imóvel ou contratar um plano de saúde.
Os dados recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua revelam um aumento significativo na população brasileira com 60 anos ou mais. Em 2022, esse grupo representava 15,1% da população, e a projeção é que até 2050 esse número salte para 60 milhões de pessoas, quase 30% da população total do Brasil. No entanto, o envelhecimento da população não tem sido acompanhado pela diminuição do estigma associado aos idosos.
O Etarismo no Mercado de Trabalho
Apesar dos avanços na expectativa de vida, muitos idosos enfrentam dificuldades ao buscar oportunidades no mercado de trabalho. Uma pesquisa realizada pela empresa Ernst & Young e a agência Maturi em 2022 revelou que a maioria das empresas brasileiras ainda mantém barreiras para a contratação de trabalhadores com mais de 50 anos. Cerca de 78% das empresas admitiram serem etaristas, preferindo candidatos mais jovens.
José F. Silva Jr, empresário na área de Marketing e Consultoria em negócios e cofundador do canal Longidade, comenta: “A situação é no mínimo controversa. Se por um lado as empresas sempre priorizam a experiência como um fator para a contratação, por outro lado o que se observa é que os mais experientes são preteridos por motivos que nem se entende bem.”
Apesar dos desafios, há sinais de mudança positiva. Empresas comprometidas com a inclusão e a valorização da diversidade estão adotando medidas para combater o etarismo econômico e criar ambientes de trabalho mais inclusivos para todas as faixas etárias. Algumas dessas medidas incluem:
- Programas de Recrutamento Inclusivos: Processos seletivos que valorizam experiências e habilidades, independentemente da idade do candidato.
- Desenvolvimento Profissional Contínuo: Oferta de programas de capacitação e treinamento específicos para os colaboradores mais velhos, promovendo o aprendizado ao longo da vida.
- Mentoria Intergeracional: Iniciativas que incentivam a troca de conhecimentos entre diferentes gerações, promovendo a colaboração e o crescimento mútuo.
- Flexibilidade no Trabalho: Adoção de horários adaptados e opções de trabalho remoto, para atender às necessidades dos trabalhadores mais velhos e promover um equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Essas ações demonstram um compromisso crescente das empresas em valorizar a experiência e o conhecimento dos trabalhadores com 50 anos ou mais. Reconhecendo o papel fundamental desses profissionais no desenvolvimento econômico e social, as empresas estão dando passos importantes para superar o etarismo econômico. No entanto, ainda há um longo caminho a percorrer para uma verdadeira mudança de paradigma. É fundamental que continuemos a debater e agir para criar um ambiente de trabalho verdadeiramente inclusivo, onde a idade seja vista como um ativo e não como um obstáculo.