Um estudo recente publicado na revista Nature Communications revela que, até 2050, quase um quarto da população idosa global poderá estar vivendo em áreas com calor excessivo, diretamente afetada pelos impactos do aquecimento global. Segundo a pesquisa, as projeções indicam que cerca de 250 milhões de idosos enfrentarão temperaturas extremas, o que poderá agravar problemas de saúde, como desidratação, disfunções renais e aumento da mortalidade, principalmente em regiões da África, Ásia e América do Sul.
Atualmente, 14% das pessoas com mais de 69 anos já estão expostas a temperaturas diárias superiores a 37,5 °C, considerado o limiar crítico. A previsão é que esse número salte para 23% em 2050, especialmente em latitudes médias, como o centro-sul do Brasil. O rápido crescimento demográfico em países asiáticos e africanos é um fator que contribui para essa projeção.
Especialistas destacam que a população idosa é particularmente vulnerável ao calor devido à perda da capacidade de regular a temperatura corporal. Os idosos tendem a perder mais água pela urina, têm menor sudorese e apresentam uma sensação de sede reduzida em comparação aos mais jovens. Esse cenário pode levar à desidratação, distúrbios eletrolíticos e disfunções renais, que são causas frequentes de óbito.
A dificuldade de locomoção também agrava a situação, uma vez que muitos idosos acamados ou dependentes de cuidadores podem ter dificuldade em acessar água, o que aumenta o risco de complicações. A combinação de calor extremo e desidratação também eleva a viscosidade do sangue, aumentando a probabilidade de acidentes vasculares cerebrais (AVC), como demonstrado por uma pesquisa da revista JAMA com mais de 80 mil chineses.
Outro estudo, realizado pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), reforça a correlação entre o aumento da temperatura e o crescimento no número de óbitos por doenças cardiovasculares e respiratórias. Embora toda a população esteja suscetível aos danos do calor, os dados sugerem que idosos e mulheres são particularmente vulneráveis, especialmente em casos de ondas prolongadas de calor.
Especialistas defendem a disponibilização de água potável em locais públicos, como bebedouros e pontos de ônibus cobertos, além de ações de conscientização para que a população mais velha adote hábitos de hidratação adequados.
Cinco dicas para os idosos se manterem hidratados durante o calor:
- Use garrafas com marcação de volume: Ajuda a controlar a quantidade de água ingerida ao longo do dia.
- Estabeleça horários fixos: Crie uma rotina para lembrar de beber água em intervalos regulares.
- Tenha água sempre por perto: Mantenha uma garrafa ao alcance das mãos em todos os cômodos.
- Adicione sabor natural: Coloque rodelas de frutas, como limão ou laranja, para tornar a água mais agradável.
- Faça uso de aplicativos: Utilize lembretes no celular para alertar sobre a necessidade de hidratação ao longo do dia.