Especialistas alertam sobre medidas que devem ser tomadas diante do eminente envelhecimento populacional, antes que setores de serviços essenciais fiquem sobrecarregados.
Recentemente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgou dados reveladores sobre a demografia do país. Metade da população brasileira atualmente possui até 35 anos, enquanto a outra metade está em faixas etárias mais avançadas. Além disso, as estatísticas indicam uma relação de 55 idosos para cada 100 jovens.
Essa mudança significativa na estrutura demográfica brasileira não apenas reflete a evolução natural, mas também impõe desafios substanciais à nossa economia. O G1 consultou diversos economistas, que são unânimes em afirmar que o Brasil precisa implementar medidas estruturais para lidar de forma sustentável com o envelhecimento populacional. É notório que as reformas necessárias não foram realizadas quando éramos uma nação mais jovem e nem mesmo quando iniciamos o processo de envelhecimento.
Mesmo a Reforma de 2019, embora um passo importante, revelou-se insuficiente, deixando questões críticas sem solução. Um exemplo notável é o aumento automático da idade de aposentadoria com base na expectativa de vida dos brasileiros, uma prática já adotada em países europeus. Especialistas argumentam que essa deveria ser uma regra automática para garantir sustentabilidade a longo prazo.
Outro ponto crucial é o orçamento público congelado, uma situação que intensifica os desafios na alocação de recursos. A Previdência Social é particularmente vulnerável, e as estimativas do INSS indicam que o déficit da autarquia pode mais que dobrar até 2060. Em 2024, segundo a Lei de Diretrizes Orçamentárias, o rombo previdenciário previsto é de R$ 276,9 bilhões, representando 2,6% do PIB. Em 2060, estima-se um gasto alarmante de 3,3 trilhões, equivalendo a 5,9% da população brasileira.
Politicas públicas voltadas ao envelhecimento
Diante desse cenário desafiador, uma alternativa que poderia amenizar a crise seria a implementação de políticas que incentivem a reinserção dos aposentados no mercado de trabalho. Isso não apenas promoveria uma convivência mais plural entre diferentes faixas etárias, mas também contribuiria para mitigar os impactos econômicos do envelhecimento da população. Contudo, essa medida pode enfrentar resistências culturais que precisariam ser cuidadosamente consideradas.
Em última análise, o envelhecimento da população brasileira demanda uma reconfiguração profunda na sociedade, na gestão de recursos e nas políticas públicas. Apesar dos desafios, é inegável que a longevidade aumentou consideravelmente, resultado dos avanços científicos e tecnológicos. É essencial que estejamos preparados para enfrentar as transformações que essa nova realidade nos impõe, promovendo soluções inovadoras e sustentáveis para garantir o bem-estar de toda a sociedade.