A questão sobre quando começamos a envelhecer tem intrigado cientistas e profissionais da saúde por décadas. Embora o conceito de envelhecimento seja universal, a ciência moderna tem revelado que esse processo pode ser mais complexo e variado do que se pensava anteriormente. Novas pesquisas indicam que não há um ponto de inflexão biológico claro que marque a transição da meia-idade para a velhice, mas sim uma série de mudanças graduais que ocorrem ao longo da vida.
Um estudo realizado por cientistas da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, trouxe à tona uma análise detalhada das proteínas presentes no plasma sanguíneo, que pode indicar o início do envelhecimento. A pesquisa envolveu 4.263 doadores, cujas idades variavam de 18 a 95 anos, e identificou 1.379 proteínas que variam conforme a idade. Segundo o estudo, essas proteínas desempenham um papel crucial na manutenção das funções celulares. Quando seus níveis sofrem alterações substanciais, isso sinaliza mudanças no nosso relógio biológico.
A análise apontou que aos 34 anos, o corpo humano começa a apresentar alterações significativas, marcando o início de uma fase de envelhecimento que se estende até os 60 anos, período considerado de idade adulta. A partir dos 60 até os 78 anos, os cientistas classificam como uma fase de maturidade tardia, onde o envelhecimento se torna mais evidente. Finalmente, a partir dos 78 anos, as mudanças biológicas são mais pronunciadas, caracterizando a velhice propriamente dita. Durante essas fases, as proteínas analisadas pelos cientistas reduzem significativamente, o que está relacionado à menor capacidade do corpo em reparar o DNA.
Aspectos psicológicos e sociais
Enquanto a biologia oferece uma perspectiva quantitativa sobre o envelhecimento, o aspecto psicológico e social também desempenha um papel fundamental. Um estudo da Universidade Humboldt, na Alemanha, revelou que a percepção da velhice tem mudado ao longo das últimas décadas. De acordo com a pesquisa, adultos de meia-idade e idosos de hoje se sentem muito mais jovens do que as pessoas com a mesma idade há 10 ou 20 anos. Esse fenômeno é atribuído não apenas ao aumento da longevidade, mas também a uma possível “negação” do envelhecimento, onde as pessoas adiam a aceitação de sua própria velhice.
Essa mudança de percepção reflete uma sociedade que valoriza a juventude e que, com os avanços na saúde e bem-estar, permite que as pessoas se sintam mais jovens por mais tempo. Entretanto, o estudo sugere que essa tendência pode ter um lado negativo, uma vez que a negação do envelhecimento pode impedir que as pessoas se preparem adequadamente para as mudanças e desafios que essa fase da vida traz.