O aumento da expectativa de vida global trouxe desafios para diversos setores da sociedade. Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), até 2050, a população com 60 anos ou mais deverá duplicar, o que levanta questões sobre saúde e qualidade de vida na terceira idade. No entanto, o envelhecimento não precisa ser associado apenas a doenças e limitações. Novas abordagens sugerem que, com o apoio e planejamento adequados, essa fase pode ser mais gratificante, e os animais de estimação têm desempenhado um papel importante nesse contexto.
Um estudo britânico recente, com 5 mil participantes, revelou que ter um animal de estimação foi um fator determinante para a redução do estresse mental, especialmente durante a pandemia de Covid-19. Esse período, que trouxe maior isolamento social, fez com que muitas famílias optassem pela companhia de pets, resultando em um aumento de 30% no número de animais de estimação nos lares brasileiros. A presença de um animal oferece benefícios não só emocionais, mas também fisiológicos, sendo um forte aliado na promoção de um envelhecimento saudável.
A importância dos pets na saúde física e mental
A rotina da terceira idade pode ser mais ativa com a presença de um animal de estimação. A responsabilidade de cuidar do pet traz sensação de pertencimento e utilidade, o que eleva o bem-estar emocional. Além disso, estudos indicam benefícios significativos para a saúde física. Um exemplo disso foi demonstrado em uma pesquisa publicada no Jornal Americano de Cardiologia, que acompanhou 424 pacientes que haviam sofrido infarto. O estudo concluiu que aqueles que possuíam pets tinham uma chance significativamente menor de morrer no prazo de um ano após o incidente.
O contato diário com animais estimula atividades como caminhadas e brincadeiras, o que mantém os idosos mais ativos fisicamente. Sair para passear com o animal não apenas promove a saúde cardiovascular, mas também contribui para uma melhor coordenação motora e respostas cerebrais a estímulos sensoriais, como sons e cheiros.
Benefícios cognitivos e sociais
A interação com animais de estimação também impacta a saúde cognitiva. Um estudo de 2023, realizado com 637 idosos, indicou que aqueles que tinham pets experimentaram um declínio mais lento em funções como memória, linguagem e velocidade de processamento mental ao longo de 10 anos, em comparação com idosos que não conviviam com animais.
Além de atuar como exercício mental, as atividades diárias relacionadas ao cuidado dos pets – como alimentá-los, dar banho e levá-los para passear -, também ajudam a evitar lesões cerebrais e a manter uma rotina mais dinâmica e estimulante. Esse tipo de interação contínua com o animal contribui para a manutenção da memória e outras funções cognitivas, retardando o aparecimento de deficiências relacionadas ao envelhecimento.
Outro aspecto relevante é o papel dos pets na sociabilização. Ao sair para caminhar com seus animais, idosos costumam interagir com outras pessoas que também têm bichinhos ou se interessam por eles. Essas conversas informais e interações no dia a dia aumentam as oportunidades de contato social, o que é crucial para combater a solidão e o isolamento, problemas comuns nessa faixa etária.
Considerações a se fazer
Antes de adotar ou adquirir um pet, é importante considerar alguns fatores essenciais para garantir o bem-estar do animal e a satisfação do tutor. A disponibilidade de tempo é fundamental, pois os animais de estimação precisam de atenção, cuidados diários, passeios e brincadeiras para se manterem saudáveis e felizes.
Além disso, é necessário avaliar se o espaço disponível é adequado para o tamanho e as necessidades do pet, proporcionando conforto e segurança.
Outro ponto importante é o planejamento financeiro, já que a manutenção de um animal envolve custos com alimentação, saúde veterinária, vacinas, medicamentos e eventuais emergências.