Receber um laudo com o código CID C50 é um daqueles momentos em que o mundo para. Por trás dessa sigla, está o diagnóstico de câncer de mama, uma notícia que traz um turbilhão de medos, dúvidas e uma sensação de urgência que toma conta de tudo.
A sua dor e a sua preocupação são totalmente compreensíveis. A jornada que se inicia é desafiadora, e a sua única prioridade deve ser uma: cuidar de si mesma e focar no tratamento e na cura.
Para que você possa fazer isso com mais tranquilidade, é fundamental conhecer a rede de proteção e os direitos que a lei garante. Este artigo é um mapa, um guia para te mostrar que você não está sozinha e que existem amparos financeiros e sociais para te ajudar a atravessar essa fase.
O choque do diagnóstico de CID C50
Logo após receber a confirmação do CID C50, a cabeça fica a mil, mas existem direitos imediatos que podem trazer um alívio financeiro importante.
O primeiro deles é o direito ao saque integral do saldo do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e também das cotas do PIS/PASEP.
A lei permite que o trabalhador diagnosticado com neoplasia maligna (câncer) ou que tenha um dependente nessa condição possa sacar esses valores.
Outro direito fundamental é o início rápido do tratamento. A “Lei dos 60 dias” garante que todo paciente com câncer tem o direito de começar o tratamento no SUS (Sistema Único de Saúde) em, no máximo, 60 dias contados a partir da data do diagnóstico confirmado no laudo.

A fase do tratamento: o que você precisa saber agora mesmo
A jornada de tratamento do câncer de mama é intensa. A quimioterapia, a radioterapia e as cirurgias, como a mastectomia, são procedimentos agressivos que causam efeitos colaterais severos.
Cansaço extremo, náuseas, dores e a recuperação cirúrgica são fatores que, na imensa maioria dos casos, incapacitam a mulher para o trabalho.
É seu direito ser amparada pelo INSS nesse período. O diagnóstico de CID C50 garante o direito ao auxílio por incapacidade temporária (o antigo auxílio-doença).
E uma informação muito importante: por ser considerada uma doença grave, o câncer de mama isenta a segurada da carência, ou seja, não é preciso ter as 12 contribuições mínimas para ter direito ao benefício.
O período de recuperação de um tratamento oncológico é muito diferente do pós-operatório de um evento agudo, como uma CID apendicectomia. Enquanto a apendicite é resolvida em um único procedimento, a luta contra o câncer envolve múltiplas etapas.
O que acontece após o tratamento? A aposentadoria é uma opção?
Muitas vezes, mesmo após o fim do ciclo principal de quimioterapia ou radioterapia, as sequelas do tratamento persistem.
Uma fadiga crônica, dores, linfedema (inchaço no braço) ou até mesmo uma depressão podem impedir o retorno imediato ao trabalho. Nesses casos, o auxílio-doença pode ser prorrogado.
A aposentadoria por incapacidade permanente (antiga aposentadoria por invalidez) é uma possibilidade para os casos em que as sequelas são graves e definitivas, ou quando a doença avança para um quadro de metástase.
Se o tratamento deixa limitações tão severas que impedem a mulher de exercer sua profissão ou de ser reabilitada para outra, o diagnóstico de CID C50 pode, sim, levar à aposentadoria.
É importante entender a gravidade de cada diagnóstico. Embora um CID mioma uterino possa causar sintomas severos e exigir cirurgia, a jornada de tratamento e o impacto emocional de uma neoplasia maligna como o câncer de mama são de uma ordem de magnitude completamente diferente.

Outros direitos importantes que você talvez não conheça
Além do amparo do INSS, o diagnóstico de CID C50 abre a porta para outros direitos. Pacientes aposentados ou pensionistas com neoplasia maligna têm direito à isenção do Imposto de Renda sobre os valores da aposentadoria.
Muitas leis municipais e estaduais também garantem a gratuidade no transporte público. Outro direito fundamental é o de reconstrução da mama.
O que a lei obriga
A lei obriga o SUS e os planos de saúde a realizarem a cirurgia de reconstrução mamária logo após a retirada do seio, se houver condições técnicas, ou assim que a paciente estiver apta. Se o seu laudo indica o CID C50, saiba que esses direitos são seus.
Se o INSS negar a prorrogação do seu auxílio ou o pedido de aposentadoria, mesmo com laudos claros sobre as sequelas do CID C50, não desista.
A orientação de um advogado para aposentadoria pode ser fundamental para reverter a decisão e garantir o amparo a que você tem direito.
A jornada com o CID C50 é árdua, mas você é mais forte do que imagina. Conhecer e buscar cada um desses direitos é parte do seu processo de cura, garantindo a tranquilidade necessária para focar no que realmente importa: a sua vida.