Tema 1300 do STF: a volta da Aposentadoria por Invalidez de 100%

Tema 1300 do STF: a volta da Aposentadoria por Invalidez de 100%

Tema 1300 do STF: a volta da Aposentadoria por Invalidez de 100%

A votação do Tema 1300 no Supremo Tribunal Federal, suspensa no dia 3 de dezembro de 2025, pode ser o divisor de águas para milhões de brasileiros aposentados por incapacidade permanente.

A discussão gira em torno de uma regra criada pela Reforma da Previdência, que reduziu drasticamente o valor desses benefícios de 100% da média salarial para valores a partir de 60%.

Neste artigo, você vai entender o placar, o que está em jogo, por que a regra atual é injusta e como a decisão pode mudar a vida de quem depende do INSS.

O Que Está Acontecendo Agora no STF

O julgamento foi iniciado e, até o momento, o placar está assim:

  • 5 votos a favor dos segurados: Flávio Dino, Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Dias Toffoli e Cármen Lúcia
  • 4 votos contra: Roberto Barroso, Cristiano Zanin, André Mendonça e Nunes Marques

Faltam apenas dois votos: Luiz Fux e Gilmar Mendes.
Ou seja: a decisão está muito próxima e pode representar uma vitória histórica para os segurados do INSS.

O Que Está em Jogo: A Regra Que Reduziu a Aposentadoria por Invalidez

A regra criada pela Reforma da Previdência

A Emenda Constitucional nº 103/2019 mudou profundamente a forma de calcular a aposentadoria por incapacidade permanente (antiga aposentadoria por invalidez).

Veja como ficou a regra:

  • Valor inicial de 60% da média salarial
  • Acréscimo de 2% por ano acima de:
    • 20 anos de contribuição para homens
    • 15 anos de contribuição para mulheres

Na prática, só quem tem mais de 35 a 40 anos de contribuição consegue voltar ao percentual de 100%.

Isso é inviável para a maioria dos trabalhadores brasileiros — especialmente quem sofreu doença grave inesperada, acidente doméstico ou incapacidade precoce.

A exceção injusta: empregados acidentados continuam com 100%

A própria Reforma manteve o coeficiente de 100% para casos de incapacidade decorrentes de:

  • Acidente de trabalho
  • Doença do trabalho
  • Doença ocupacional

Mas excluiu:

  • Contribuintes individuais
  • Contribuintes facultativos
  • Empregados incapacitados por doença comum
  • Acidentados fora do ambiente de trabalho

Essa distinção é o centro da discussão no STF.

Por Que a Regra É Considerada Inconstitucional

1. Fere a igualdade entre segurados

Pessoas com a mesma doença e o mesmo grau de incapacidade recebem benefícios diferentes apenas porque uma era empregada e a outra era autônoma, uma sofreu acidente no trabalho e a outra sofreu um acidente em casa.

Isso viola os princípios constitucionais de isonomia, proporcionalidade, dignidade da pessoa humana e vedação ao retrocesso social.

2. Cria duas classes dentro do mesmo regime

Imagine esta situação:

Exemplo 1: Motociclista Autônomo

  • Entregador por aplicativo
  • Sofre acidente grave durante a entrega
  • 20 anos de contribuição
  • Contribuinte individual
  • Se aposenta com 60%

Exemplo 2: Motociclista Empregado

  • Trabalha para um restaurante
  • Sofre o mesmo acidente
  • Mesma incapacidade
  • Empregado com direito a benefício acidentário
  • Se aposenta com 100%

A incapacidade é a mesma. A consequência na vida é a mesma. Mas o valor da aposentadoria muda completamente.

Isso não faz sentido para o trabalhador — e é por isso que o STF está reconhecendo a inconstitucionalidade.

3. O próprio STF já decidiu casos semelhantes

Nas ADIs 2.110 e 2.111, o STF declarou inconstitucional exigir carência para contribuintes individuais e segurados especiais obterem salário-maternidade, já que essa exigência não valia para empregados.

A lógica foi clara: não se pode tratar segurados de forma diferente só porque não possuem vínculo empregatício. Essa mesma lógica se aplica ao Tema 1300.

O Que a Decisão do STF Pode Determinar

Se o placar de 5 a 4 for mantido (bastando um voto entre Fux ou Gilmar), o Supremo deve:

Restabelecer a aposentadoria por invalidez integral (100%). Todos os casos de incapacidade permanente — acidentários ou não — voltarão a ter cálculo de 100% da média.

Ordenar a revisão de todos os benefícios afetados. O INSS deverá revisar todos os benefícios concedidos com a regra de 60% no prazo de 12 meses, corrigindo automaticamente o valor.

Pagar os atrasados em até 6 meses. Após revisar, o INSS terá até 6 meses adicionais para fazer o pagamento das diferenças, em parcela única.

Quem Será Impactado Pela Decisão

A decisão alcança:

  • quem já recebe aposentadoria por incapacidade permanente desde 2019
  • quem está aguardando análise de recurso
  • quem está na Justiça
  • quem ainda vai se aposentar nesses casos
  • segurados contribuintes individuais, facultativos, empregados ou domésticos
  • qualquer pessoa que teve o benefício reduzido para 60%

O impacto pode chegar a milhões de brasileiros, especialmente o público 50+, que depende integralmente desse benefício para sobreviver.

Por Que Este Julgamento É Tão Importante

A aposentadoria por incapacidade é o benefício mais sensível do INSS.É destinado a quem não pode mais trabalhar, não pode produzir renda, e enfrenta custos maiores com saúde, medicamentos e tratamentos.

Reduzir o valor dessas pessoas de 100% para 60% gerou empobrecimento, desproteção, precariedade, aumento do endividamento e judicialização em massa.

Conclusão: A Virada Que Pode Ser Histórica

Com o placar de 5 a 4 para os segurados, falta muito pouco para o STF corrigir uma das regras mais injustas da Previdência pós-Reforma de 2019.

A decisão final pode devolver o valor integral da aposentadoria por invalidez, rever milhões de benefícios, garantir pagamento de atrasados, corrigir uma desigualdade que nunca deveria ter existido e proteger os segurados mais vulneráveis do sistema.

É um momento histórico — e você deve acompanhar cada passo.

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