Um levantamento recente, conduzido pela A.C.Camargo Câncer Center em parceria com a Nexus, trouxe à tona um dado preocupante sobre a prevenção do câncer de mama no Brasil. O estudo revelou que 25% das mulheres brasileiras com mais de 40 anos nunca fizeram uma mamografia, exame essencial para a detecção precoce da doença.
A pesquisa, realizada com mais de mil mulheres de diferentes regiões e níveis de escolaridade, também apontou que 32% delas nunca realizaram o autoexame das mamas, uma prática simples que pode auxiliar na identificação de possíveis alterações. Ainda mais alarmante, 14% das entrevistadas não fizeram nem o autoexame nem a mamografia, reforçando a necessidade de campanhas de conscientização sobre a importância da prevenção.
A importância da mamografia
A mamografia é considerada o exame mais eficaz para a detecção precoce do câncer de mama, permitindo identificar tumores em estágios iniciais, o que aumenta significativamente as chances de cura. O câncer de mama é um dos tipos mais comuns entre as mulheres no Brasil e no mundo, de acordo com o Ministério da Saúde, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma.
Mesmo com essa importância, o estudo revelou que muitas brasileiras ainda não têm acesso adequado a informações sobre a prevenção da doença ou negligenciam a necessidade dos exames. Embora 60% das entrevistadas afirmem conhecer alguma forma de prevenir o câncer de mama, persistem mitos sobre o tema. Apenas 47% das mulheres acreditam que a amamentação pode reduzir o risco de desenvolver a doença, enquanto 41% discordam dessa afirmação, refletindo a confusão em torno do assunto.
Estudos apresentados em congressos internacionais de oncologia, como o da Sociedade Europeia de Medicina Oncológica, já desmistificaram alguns mitos, incluindo a relação entre amamentação e a redução do risco de câncer de mama.
Autoexame não substitui a mamografia
Outro ponto levantado pela pesquisa foi o desconhecimento sobre a verdadeira função do autoexame. Cerca de 58% das entrevistadas reconheceram que o autoexame não é suficiente para garantir que a mulher não desenvolverá câncer de mama, mas muitas ainda confundem a prática com um método de prevenção. Embora o autoexame ajude na percepção de alterações nas mamas, ele não substitui a mamografia, que é o exame capaz de detectar alterações muito antes de serem perceptíveis ao toque.
Desigualdade regional e socioeconômica
O estudo também revelou disparidades regionais e socioeconômicas significativas no acesso aos exames preventivos. Mulheres mais jovens, de menor renda e residentes nas regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil são as que menos realizam a mamografia e o autoexame. Em contraste, mulheres com maior escolaridade e idade demonstram maior familiaridade com as formas de prevenção e realizam o exame com mais regularidade.