CID F32 é o código que aparece no seu atestado médico e valida uma luta silenciosa, mas devastadora. Receber esse diagnóstico é a confirmação oficial de que a dor que você sente não é falta de vontade, mas sim uma doença química séria que afeta o cérebro e a alma.
Quando a depressão atinge um nível em que levantar da cama se torna um desafio hercúleo e o ambiente de trabalho vira um cenário de pânico, a dúvida sobre o futuro profissional é inevitável. A pergunta “eu tenho direito de parar?” ecoa na mente de quem sofre.
O que o código: CID F32, diz sobre a sua saúde?
Para começar, vamos traduzir o CID F32. Ele é a classificação internacional para “Episódios Depressivos”. É o código que diz ao mundo e ao INSS que você está enfrentando uma alteração grave no humor.
Muitas pessoas acham que depressão é apenas tristeza, mas quem tem sabe que é muito mais. É a perda de energia, a falta de prazer nas coisas que antes você amava, alterações no sono e uma dificuldade imensa de concentração.
Para o INSS, o que importa não é apenas ter o diagnóstico no papel. O perito precisa ver o estrago que a doença faz no seu dia a dia profissional. Se a doença tira sua capacidade de raciocínio a ponto de você cometer erros graves, o código vira prova de incapacidade.

A diferença entre doença e incapacidade
Este é o ponto mais importante que você precisa entender. Ter CID F32 no laudo não garante o benefício automaticamente. O INSS não paga pela doença, ele paga pela incapacidade que a doença gera.
Existem pessoas com depressão leve que, com medicação, conseguem trabalhar. O benefício é para quem não consegue. É para quem a doença paralisou.
Você precisa provar que, por causa dos sintomas, você não consegue exercer a sua função específica. Um motorista de ônibus com depressão e perda de reflexos é um risco para a sociedade. Um operador de máquinas que toma remédios fortes não pode trabalhar.
Auxílio-doença
Na grande maioria dos casos de CID F32, o primeiro direito concedido é o auxílio por incapacidade temporária. Ele serve como um tempo protegido para você focar apenas no seu tratamento.
A depressão tem cura e controle, mas os remédios antidepressivos demoram semanas para fazer efeito. Além disso, o início do tratamento pode trazer efeitos colaterais difíceis, como náuseas e piora da ansiedade.
O INSS concede esse benefício para que você possa passar por essa fase de adaptação longe da pressão e do estresse do emprego. É o momento de ajustar a dose, fazer terapia e tentar recuperar o equilíbrio químico.
Quando o quadro se agrava: CID F32.2
Dentro da família da depressão, existem gravidades diferentes que mudam a visão do perito. Um código que costuma gerar mais atenção e cuidado no INSS é o CID f32.2.
Ele significa “Episódio depressivo grave sem sintomas psicóticos”. Nesse estágio, a pessoa geralmente sofre uma paralisia emocional quase total. O sofrimento é intenso e o risco de vida pode ser real.
Quando o laudo traz essa especificação, o perito do INSS tende a olhar com mais cuidado. Ele entende que não é apenas um desânimo, mas uma emergência psiquiátrica que exige afastamento imediato.
Aposentadoria por invalidez: é possível?
A dúvida sobre a CID F32 aposentadoria é muito comum e a resposta é: sim, é possível. Porém, ela é reservada para os casos chamados de “refratários” ou crônicos.
O INSS só aposenta alguém por depressão quando fica provado que a pessoa já tentou de tudo e não melhorou. Isso inclui anos de tratamento, trocas de medicação, psicoterapias diversas e até internações.
Se, após tudo isso, o perito concluir que a sua incapacidade é total e permanente, e que não há chance de reabilitação, a aposentadoria pode ser concedida. É o reconhecimento de que a doença se tornou uma barreira definitiva.
Não confunda com outras condições mentais

É importante saber que o INSS avalia cada doença de um jeito, inclusive o F32 CID. A depressão (CID F32) é uma doença do humor que pode ter altos e baixos, dias melhores e dias piores.
Ela é diferente, por exemplo, de condições que afetam o desenvolvimento da inteligência desde a infância. Casos como o CId F70 (Retardo Mental Leve) ou o mais severo CID F72 (Retardo Mental Grave) são avaliados como deficiências intelectuais.
Enquanto nesses casos a barreira é cognitiva e constante desde o nascimento, na depressão a barreira é emocional e química. Por isso, a exigência de laudos atualizados é muito mais rigorosa para quem tem depressão. O INSS quer saber como você está agora.
A importância de não lutar sozinho
Lidar com a burocracia, agendar perícias e reunir papéis exige uma energia que a depressão rouba de você. Se sentir que não consegue enfrentar o sistema sozinho, peça ajuda.
Um familiar pode te ajudar a organizar a pasta de documentos. E, se o caso for complexo ou negado, a orientação de um advogado especialista em previdência é fundamental.
Em resumo, o CID F32 não é o fim da linha, mas o sinal vermelho do seu corpo pedindo socorro. O benefício do INSS é o suporte financeiro para que você possa focar na sua única obrigação agora: recuperar a vontade de viver e a sua saúde.














